sexta-feira, agosto 04, 2006

SONHO


Encontro-me sentada numa mesa de café e sem saber bem porque, dou por mim a analisar os comportamentos daqueles que me circundam. Eu estou sozinha…mas ao mesmo tempo rodeada por cerca de vinte pessoas, numa esplanada situada na zona mais movimentada da cidade.

Sinto-me só, no meio da multidão! Parece estranho, mas seguramente este sentimento invade todos aqueles que se dignam a questionar o seu quotidiano.

Deveria meter conversa com alguém? Será que devia perguntar ao Ansião, da mesa ao lado, que experiência tem para partilhar com uma jovem cheia de incertezas, medos e sonhos? Porém resigno-me ao silêncio e continuo a contemplar, como que ignorando tudo e todos.

O que estarão todos a pensar? Será que sonham acordados? Ou apenas se limitam a ser umas anémonas na sociedade, bailando ao sabor da corrente e atacando todos os que deles se aproximam?

Acredito que ambas as hipóteses sejam possíveis. Se para uns o sonho faz parte de um ritual diário, de uma espécie de comando interno que os motiva a viver, outros há que se resignaram de tal forma ao conformismo nacional, que o simples acto de pensar se torna uma tarefa impraticável.

Eu creio nos sonhos, e tal como nos disse um dia o poeta “o sonho é uma constante da vida, tão concreta e definida como outra coisa qualquer”. Não me refiro ao que fazemos enquanto dormimos mas sim ao que sonhamos quando estamos bem acordados.

Imediatamente, lembro-me de uma conversa que tivera anos antes, neste mesmo café. Nesse dia estava na companhia de um amigo e dissertava acerca das motivações individuais e do futuro. No seguimento desta conversa explanamos os sonhos de cada um, até que a dado momento ele me perguntou:
- O que achas que acontece quando eu esgotar os meus sonhos?
Imediatamente retorqui:
- Ficarei muito triste e certamente chorarei…
Ele indignado olhou para mim, e em sobressalto questionou o porque de tal afirmação. Olhei-o nos olhos e respondi:
- Caro amigo, quando esse dia chegar eu saberei que morreste!

Nesse momento, não pensei na morte como ausência de sinais vitais ou como, refere o senso comum, uma passagem para o outro lado. Pensei nela como uma estagnação, uma desistência.

A perda de objectivos e ideais traduz-se numa passividade perante a vida o que se espelha na forma mais clara de estupidificação individual. Esta é também uma forma de morte… cerebral.

Sejam sonhadores.

8 Comments:

At agosto 04, 2006 4:06 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At agosto 04, 2006 5:08 da manhã, Blogger Alexandre said...

e valerá a pena acreditar, ainda, que o sonho comanda a vida?

 
At agosto 08, 2006 8:09 da tarde, Blogger venus said...

eu acredito que sim....

 
At agosto 14, 2006 5:49 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olá a todos,
A temática do “sonho” num blog denominado de "utopia" parece-me que vem mesmo a calhar...
Já imaginaram o que era uma vida sem sonho?! É simplesmente impossível, mesmo para os mais cépticos para com a vida, é dificil não deixam de sonhar (porventura, são os maiores sonhadores). O sonho aparece sempre relativo ao dormir, ao sono REM (rapid eye moviment) e sono não REM. Mas deixem-me que vos diga que isto não está totalmente correcto. Podemos perfeitamente sonhar acordados, e nesta situação, a diferença é que nós controlamos o rumo da história, não sendo portanto o nosso subconsciente a controlá-lo (Freud) como acontece ao dormir. “O sonho comanda a vida”, é um facto, o sonho é a nossa maior e mais íntima arma, o sonho é tudo aquilo que não nos pode ser roubado, apenas quando o cérebro deixa de funcionar, e nessa circunstancia, não no apercebíamos obviamente da falta dele.
Por vezes interrogo-me se existe alguém que simplesmente tenha conseguido deixar de sonhar, e rapidamente chego à conclusão, que as probabilidades de isso acontecer são extremamente remotas, sendo muito mais provável que a Victoria Adams acabe por ler um livro (e acreditem que isso é extremamente improvável).
Vivam, desfrutem, mas antes de o fazerem experimentem sonhar tudo isso, é deveras a nossa maior qualidade, a de para sempre sonhadores, a de para sempre jovens sonhadores…

Beijos e abraços a todos...

 
At agosto 22, 2006 1:26 da manhã, Blogger venus said...

"Os sonhos são como uma bússola que nos indica quais os caminhos a seguir e as metas a alcançar. São eles que nos impulsionam, nos fortalecem e nos permitem crescer". sugiro a leitura de _"Nunca desista dos seus sonhos"- Augusto Cury_

 
At agosto 26, 2006 4:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olá a todos,
começo por parabenizar a administradora deste blog pela qualidade que tem demonstrado enquanto tal.
Augusto Cury, é sem dúvida um psiquiatra de renome, mas para mim é mais que um psiquiatra, é um sonhador, um pensador, um filosofo. Ele representa a emoção como uma qualidade infindável do ser humano, em que o seu motorista mais prestigiante é o sonho... Para além do "Nunca desista dos seus sonhos", sugiro: "A saga de um pensador"...

Um beijo para a Vénus, e um abraço a todos…

 
At agosto 26, 2006 7:51 da tarde, Blogger venus said...

mais uma vez agradeço os elogios feitos por crep. é bom recebelos de alguem intelectualmente estimulante e interessante.
já que estamos numa de sugestões literárias sugiro a leitura de: Entre o Sonho e a Dor de Jean-Bertrand; e de Marie de Hennezel( diálogo com a morte e nós nao nos despedimos).
são três livros muitos interessantes e que nos ensinam a reaprender a sonhar e acreditar. vale a pena ler

 
At agosto 27, 2006 11:16 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Este tema é me especialmente querido.
O sonho é pura e simplesmente a expressão mais real da nossa vontade pessoal, é ele que muitas vezes contrariando as leis da sociedade em que vivemos nos mostra quem nós realmente somos. Por isso, meus amigos não se deixem iludir pela falsa liberdade e segurança que essa sociedade vos quer fazer sentir. Procurem os vossos sonhos e sê-de verdadeiros convosco próprios para que o sejais uns com os outros.
Renegar o sonho é arriscar a viver toda uma vida desencontrado.

"Os incautos podem viver pouco tempo, mas os cautelosos não vivem de todo."

(Autor desconhecido)

 

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